DA BIBLIOTECA MAZARINE, MS
1202, III
Dona Catherine Gascoigne, Abadessa de Cambrai, em
1652
Dona Gertrude More foi Madre Fundadora, 1623, de Nossa Senhora da Consolação, falecendo em 1633, Dona Catherine Gascoigne a sua Abadessa de 1629-1676. Este manuscrito que celebra os cem anos do método de oração do Padre Augustine Baker, suprimido por uma revolução ateia, perdido para as suas comunidades religiosas, merece hoje ser partilhado e usado por Stanbrook, por Colwich e por nós próprios, por religiosos e leigos, mulheres e homens.
Dona Gertrude More e Dona Catherine Gascoigne, ambas escreveram defesas dos ensinamentos acerca da oração, do Padre Agustine Baker, apresentando-as ao Capítulo Geral da Congregação Beneditina Inglesa em 1633, quando todos os seus manuscritos contemplativos foram suprimidos. Tão persuasivos foram os seus textos que o Capítulo da Congregação Beneditina Inglesa disse a Dona Catherine, 'Continuai corajosamente, escolhestes o melhor caminho: rogamos a Deus Todo Poderoso que vos alcance essa união que o vosso coração deseja'. Dona Catherine teria de opor resistência, ainda, em 1655, tal como Dom Augustine Baker lhes tinha previamente dito que aconteceria, contra a supressão, uma vez mais, de todos os seus manuscritos contemplativos. No seu leito de morte, em 1675, Dona Catherine Gascoigne apelou para o então Presidente da Congregação Inglesa, Dom Benedict Stapylton, para 'uma nova e muito ampla confirmação' destes escritos 'que são o maior tesouro pertencente a esta pobre comunidade'. Uma das causas deste conflito foi o facto de Padre Augustine Baker ter feito reviver a forma medieval de contemplação, através do estudo e da partilha destes textos do século catorze, tais como Revelação de Amor de Julian de Norwich, Escada da Perfeição de Walter Hilton, Remédios Contra as Tentações de William Flete, A Nuvem do Desconhecimento, e os trabalhos dos Friends of God Continentais, tais como John Tauler e Henry Suso. O que em vez disto estava na moda, eram os Exercícios Espirituais Jesuítas, através da imagem, embora estes, por sua vez, sejam reflexo de práticas muito mais antigas, relacionadas com a veneração de Paula, em Belém e no Calvário, observada por Jerónimo e copiada por incontáveis peregrinos dos Lugares Santos. Estes escritos contemplativos, perderam-se com a Revolução Francesa, excepto dois pequenos manuscritos - um deles a 'Epistle of Privat Counsell', do Autor de Nuvem -, que foram preservados nos bolsos das monjas enquanto estavam presas, de 1793 a 1795, parte deste tempo, juntamente com as monjas Carmelitas Francesas que seriam guilhotinadas na prisão de Compiègne. Estes manuscritos são agora um tesouro para as monjas da Abadia de Stanbrook, juntamente com o hábito das Carmelitas executadas.
Contudo, as monjas de Cambrai já tinham fundado uma casa-filha em Paris, em 1651 e tinham-se assegurado que todos os seus preciosos manuscritos - entre eles Revelação de Amor de Julian de Norwich fossem duplicados, muitos deles tendo sido escritos por Dona Barbara Constable, O.S.B., que permaneceu em Cambrai -, e que estes textos fossem levados pelas monjas que partiam para Paris, Dona Clementia Cary, a sua madre fundadora, Dona Bridget More, a sua prioresa. Nossa Senhora da Boa Esperança, de Paris, cautelosamente declarou na sua Constituição, tanto na versão em Francês (escrita por Dona Bridget More) como na versão em Inglês (escrita por Dona Clementia Cary), o desejo de continuar a herança espiritual de leitura e escrita, de Dom Augustine Baker, e, assim, tornando mais profundo o seu chamamento à vida religiosa Beneditina. Dom Serenus Cressy veio a ser o capelão das monjas de Paris e deu-se ao cuidado de que os escritos de Dona Gertrud More - 1657, 1689, incluindo a defesa dos ensinamentos de Augustine Baker por Gertrude More, realizados ao mesmo tempo que os de Catherine Gascoigne -, Sancta Sophia, Santa Sabedoria (1657) de Augustine Baker e Revelação de Amor de Julian de Norwich (1670), fossem todos impressos e publicados. Da publicação de Revelação de Amor de Julian de Norwich foi patrono Placid ou John Gascoigne de Lamspringe, irmão de Dona Catherine Gascoigne e igualmente um Beneditino, durante a vida desta(A. Allanson, Biography of the English Benedictines, Ampleforth Abbey, 1999, sobre Placid ou John Gascoigne, como Abade, 1651-1681), afirmando Serenus Cressy no prefácio 'Qualquer que seja o benefício que colherdes deste Livro, estais obrigados para com o Venerando Abade da nossa Nação, por cuja ordem e liberalidade ele é agora publicado e, em Consequência, devidamente Aprovado', a notem à margem identificando o benfeitor como 'The V.R.F.Jo.Guscoyn.L.Abbot of Lamb-spring'. Na verdade, é provável que Catherine Gascoigne ou a sua irmã Margaret, trouxessem o manuscrito de Julian para Cambrai, em primeiro lugar. A família Gascoigne reclamava como seu parente, Sir Thomas Gascoigne, Chanceler de Oxford e devoto da Abadia de Syon de Sta. Brígida. Os Lowes, ligados à Abadia de Syon desde o século quinze até ao século dezanove, tinham em seu poder a Revelação de Julian. Dona Margaret Gascoigne escreveu sobre a Revelação de Julian e Dona Bridget More copiou o seu texto. As More's e Gascoigne's teriam entrado logicamente para a Abadia de Syon, então no exílio em Lisboa, mas por causa de uma calúnia publicada por um falsário contra Syon, quebraram-se estes tão fortes laços Brigitinos, por parte destas duas famílias Inglesas, conduzindo-as até ao Mosteiro Beneditino de Cambrai. Deste modo, o precioso legado dos manuscritos da Revelação de Amor de Julian, passou de claustros Brigitinos para claustros Beneditinos, sendo Brigitinos os textos de Westminter, Amherst e Paris, Paris sendo o texto preparado para a impressão Tudor/Elizabética pelas Brigitinas; os textos Gascoigne, Upholland, Sloane e Stowe, são Beneditinos, e igualmente a primeira edição impressa com êxito, de Serenus Cressy.
As Beneditinas Inglesas de Paris, tal como as Beneditinas Inglesas de Cambrai, foram presas durante a Revolução Francesa, mas depois de libertas, conseguiram negociar o regresso dos seus manuscritos e livros para Inglaterra, onde agora se encontram na Abadia de Colwich. Contudo, este manuscrito, escrito por uma das suas monjas, provavelmente encontrado na sua Cela, quando morreu como era costume com estas antologias contemplativas, acabou por ir parar à Biblioteca Mazarine de Paris.
Início de Biblioteca Mazarine 1202
Este manuscrito especial, datado de 23 de Julho de 1724 pela sua escritora, uma monja anónima no exílio, é sarcasticamente tratado no Catálogo da Biblioteca Mazarine de Paris, como sendo da autoria de um monge supersticioso. O manuscrito, na verdade, contém na primeira página uma gravura de um monge Beneditino, ajoelhado em oração, com raios de luz descendo sobre ele. O catalogador não deu conta de que a antologia de escritos contemplativos, fora escrita por uma mulher cuja humildade nos esconde a sua identidade, quase mesmo o seu sexo. Esta 'Antologia' inclui escritos do Padre Augustine Baker, do Amigo de Deus John Tauler, Conversio Morum, de Angela de Foligno, as Cartas de Direcção Espiritual, de Fénelon, Bispo de Cambrai, de Dona Gertrude More, com excertos da sua defesa do Padre Augustine Baker apresentadas ao Capítulo Geral da Congregação Beneditina Inglesa em 1633, e de Dona Catherine Gascoigne, mais uma vez o texto da sua defesa dos ensinamentos do Padre Augustine Baker sobre a oração, apresentadas no Capítulo de 1633, quando todos os manuscritos foram retirados de circulação.
Nesta mesma biblioteca se pode encontrar o Catálogo de todos os textos de Augustine Baker, de Cambrai, contendo também Revelação de Amor de Julian de Norwich com o nome de 'The Revelations of Sainte Julian', como um manuscrito que Cambrai possuía mas que não era da antologia de Dom Augustine Baker, e ainda um outro manuscrito, que se perdeu, 'Colections outt of Holy Mo: Juilan' [sic.]. Mais, este preciso manuscrito da 'Antologia' que sobreviveu, inclui uma parte escrita pela própria monja anónima, com quase- citações de Revelação de Julian. Este facto é uma afirmação de que a casa de Paris, um século depois da fundação de Cambrai, continuava a preservar, a viver e a celebrar a sua herança contemplativa.
É minha esperança que estas transcrições para a web, devolvam os textos deste importante manuscrito a essas monjas de clausura da Abadia de Stanbrook em Colwich. Ele é uma parte da sua preciosa herança perdida. E, igualmente, partilhá-las não apenas com o claustro, mas também com o mundo. Esse foi um dos principais objectivos dos seus escritos e cópias contemplativos, quando no exílio, o exercício do 'apostolado do escrivão' como contributo para a Missão Inglesa dos monges Beneditinos junto do laicado da sua terra, então perdida.
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Dame Catherine Gascoigne's
382 Coll: Lad: Cath: G. Prayer My prayer I know not how to
|
382 Antologia - Oração,
de Dona Catherine Gascoigne Não sei como dizer o que é a
minha |
|
D. Cath. Gas. Oração 383 |
381 D.
Cath: Gas: Pr:
I am from it. for everything
meth |
381 D. Cath.
Gas. Oração
mesma, mais me afasto.
Porque tudo, penso eu, mesmo o pensar em
Deus e em coisas santas, mais alimenta as
imagens e é causa de multiplicidade na alma,
e são para mim impedimentos e distracções
na |
|
UM desejo, isso me contentaria ter e podia estar sem ter mais nada. Sempre mudando, como muitos me imploram, não posso. Não sei como dizer ou desejar, mas sinto que não há nada melhor, nada maior, mas tenho de pensar, se pode ser um entre tudo ou um acima de tudo. É o meu Deus a quem me apegar e nele existir é o meu bem. Este modo de tender e aspirar Deus, pelo amor e afeição, de modo algum dificulta que a alma desempenhe devidamente os seus outros deveres e Obrigações |
380
D.
Cath: Gas: Pr:
Obediences, much less dos it
cause |
380
D.
Cath. Gas. Oração
e Obediências
exteriores, muito menos, ser causa de
negligência, ou falta de estima para com os
seus Superiores, as suas ordens e exigências
(como foi temido), pois é causa de que elas
sejam observadas e cumpridas com maior
pureza de intenção, com mais prontidão e
alegria, olhando mais a Deus ao faze-las,
que às próprias |
|
|
388 D. Cath: Gas:
pr:
(according to her progress
in this di |
388
D.
Cath. Gas. Oração
(segundo o seu progresso
neste amor divino) exercita todas as
virtudes, porque é o caminho da Humildade,
da abnegação, da sincera obediência, da
perfeita submissão e sujeição a Deus e toda
a criatura por amor de Deus e segundo o seu
bom prazer e vontade, causa e aumenta na
alma, uma santa e humilde confiança em Deus,
que assim a torna capaz de atravessar todas
as dificuldades que acontecerem com boa
disposição e alegria, não que não se depare
com elas (porque o caminho do amor é o
caminho da cruz e cheio de amargas
mortificações), mas porque tanto é o seu
desejo de agradar a quem ama, que tudo, o
que quer que seja, embora nunca tão
|
D. Cath: Gas: Pr: 389 |
D. Cath. Gas. Oração 389 |
390 D.
Cath: Gas: Pr:
to me it seems to be the
best way
|
390
D.
Cath. Gas. Oração
a mim parece-me ser o melhor caminho de obter a verdadeira humildade. Nem posso ver como é possível a uma alma outros meios de evitar o detestável pecado do orgulho que tão secretamente se insinua e introduz nas nossas melhores acções e nos nossos mais Santos exercícios. Mas só aderindo a Deus, o que exclui todo o orgulho e todo o tipo de tentação, não há lugar para o orgulho na alma que procura e não quer nada senão Deus, e caminha para Ele da melhor maneira que pode pela simplicidade, não se apegando a Imagens ou coisa criada mas apenas ao próprio Deus. Por isso, não há exercício ou forma de
|
D: Cath Gas: Pr: 391 |
D. Cath. Gas. Oração 391 |
392 D. Cath: Gas: Pr:
|
392
D.
Cath. Gas. Oração dos pecados e imperfeições a que está sujeita e em que muitas vezes cai. E, na verdade, Deus tem muitos modos secretos de tornar uma alma humilde e, pelo seu cuidado, assim providencia a que nunca lhe falte matéria da humilhação segundo ela procure fazer uso dela. E, a maravilhosa condescendência de Deus Todo Poderoso é tal para com a alma que procura e deseja nada senão ser-lhe fiel, que dá origem e faz crescer uma grande confiança na sua bondade e no seu contínuo cuidado e providência para com ela. De tal modo que, por parte dela parece não ter nada mais que fazer no mundo senão tentar cumprir a sua vontade e agrado, caminhando e aspirando por Ele, pela oração
|
D. Cath: Gasc: Pr: 393
|
D. Cath. Gas. Oração 393 |
394 D. Cath: Gas: Pr:
|
394
D.
Cath. Gas. Oração nada senão a Deus, a sua
confiança cresce dia a dia, como diz a
Sagrada Escritura: Quem
caminha na simplicidade, caminha com
confiança. E ela caminha com
segurança e depressa sob a divina protecção,
tudo concorrendo para seu bem, porque tudo
quanto lhe acontece com a permissão de Deus,
serve para mais alimentar [à margem, e
Causar] nela a verdadeira e perfeita
sujeição e conformidade com a vontade
Divina. E assim, chega a ter e a fruir entre
Deus e a sua alma, duma verdadeira paz
interior, mesmo no seio de todas as cruzes e
oposições, e variações a que somos sujeitos
nesta movediça e miserável vida que é a
nossa, paz esta e segurança que nenhuma
criatura pode dar a uma alma senão o próprio
Deus e, por isso, felizes aquelas almas que
|
D. Cath: Gas: Pr: 395
|
D. Cath. Gas. Oração 395 fiel e perseverantemente se apegam a Ele com uma consideração interior da sua vontade em tudo. E este claro e simples exercício da vontade, que nos foi ensinado por Padre Anónimo não pretende senão isto (tanto quanto eu o entendo), que é trazer a alma a uma total sujeição a Deus e aos outros por causa de Deus. |
396 D. Cath: Gas: Prayer
. . .
|
396 D. Cath.
Gas. Oração ser por eles corrigida, com
o propósito e promessa de, pela Graça de
Deus, sempre me ater ao seu juízo e
determinação em todas as coisas. E se Vossas
Paternidades estimarem que isto é bom e vos
agradar aprová-lo, então eu, muito
humildemente rogo o vosso consentimento e
benção, com a assistência das vossas santas
orações, para que possa prossegui-lo com
renovado fervor e diligência, porque nada me
perturba tanto quanto a preguiça e
negligência com que o tenho seguido.
. . .
|
to St Arsenius my Dear Patron |
A St. Arsénio, Deus mandou o seu Anjo cá baixo, para vos dar a conhecer a sua bendita vontade que por vós era procurada, rogando-lhe que vos ensinasse como caminhar de modo a ser levada ao seu encontro. |
Colectionslabour to make all Cogitations cease. that I may here alone. in quiet be and living thus on earth abstractedly my mind may ever placed be one high. and let my eyes to God be ever turn'd regarding nothing, that is here below aspiring daily to be wholly burn'd with this inflamed love and nothing know but him allone; whoom I desire to be my portion, part & all in all to me ~ ~ ~ often hath it repented me to have spo- -ken, never to have bine silent. said St Arsenius ~ ~ ~ Finis Laus Deo & Maria. Jully 23 1724 |
Antologiatrabalharem para que cessem todos os Pensamentos. Que aqui, em solidão, em quietude esteja e assim viva na terra abstraída e que a minha mente sempre possa estar nas alturas. E que os meus olhos para Deus sempre se voltem, olhando a nada que aqui está em baixo. Aspirando todos os dias a ser inteiramente consumida por este inflamado amor e nada saber senão apenas ele a quem desejo que em mim seja minha porção, minha parte e tudo em tudo. ~ ~ ~ Muitas vezes me arrependi de ter falado, nunca de ter ficado calado, disse St Arsénio ~ ~ ~ Fim Deus e Maria sejam louvados. 23 de Julho, 1724 |
A maior parte da informação acima dada: As Beneditinas de Stanbrook, 'Dame Catherine Gascoigne, 1600-1676', In a Great Tradition (London: John Murray, 1956), pp. 5-29.
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